domingo, 20 de setembro de 2009

Por que é que o mar não se apaixona por uma lagoa?

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Ela passava horas tentando chamar sua atenção. Sempre escorria seu corpo ante o dele, mas sentia-se retraída toda vez que percebia que ele nem a notava. Ele, detentor de toda atenção, parecia não dar muita importância para as coisas que aconteciam ao seu redor. Ela era dona de curvas maravilhosas, quase pareciam ter sido esculpidas a mão. Ele, de uma beleza imponente que brincava com o imaginário de muita gente. Chegava a tirar o fôlego daqueles que o contemplavam pela primeira vez. Ela preferia se esconder às sombras daqueles que a cercava, ele gostava de ressaltar sua magnitude à luz da lua cheia.

Ela não conseguia aceitar o curso que seu destino seguia. Vivia na esperança de conseguir mudar as coisas, mas sozinha, era incapaz. Seu leito estava enfraquecido e sentia que já não tinha mais forças para seguir adiante. Ele a observava de longe e via que ela não tinha mais a mesma vitalidade de antes, seu brilho já não era mais o mesmo, mas nada podia fazer para ajudá-la. O período era de seca intensa, e enquanto as primeiras chuvas não chegavam, ele esperava.

A primeira gota que cai em terra leva esperança e a faz transbordar de alegria. No meio do caminho para encontrá-lo, ela acaba descobrindo alguém que passa a trilhar o mesmo caminho que o dela. Ele os vê chegar, e se enche de alegria ao vê-la bem. Ela sente-se a vontade para mostrar o quanto estava bem. Era possível escutar de longe os gritos de felicidade de quem queria mostrar mais que apenas felicidade.

O que ela não sabia era que ele tinha grande admiração por ela, e que a bailarina que dançava em suas águas lhe dava vida toda vez que ela corria para seus braços e o contemplava com seus belos sorrisos. Ele compreendia que o mar pode não se apaixonar por uma lagoa, mas isso em nada o impedia de ter uma história de amor com um final feliz.


Em especial à r. targino