sexta-feira, 24 de julho de 2009

Crônicas

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Hoje resolvi postar duas crônicas que escrevi para uma revista eletrônica que será publicada em breve. Espero que gostem!

Cantando de galo

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Cláudio tenta segurar sua vontade. Durante algum tempo, não presta atenção no que se passa ao seu redor, só que não resiste e mais uma vez corre para vê-la passar: Subindo a rua, com aquele vermelho cintilante, vai fazendo o seu trajeto, percorrendo todo o cenário. Subindo lentamente, vai tomando de conta da imaginação até encontrar repouso naqueles braços tão pequenos.
Cláudio está mais que apaixonado. Não consegue resistir aos encantos e por isso se entrega cada vez que ela passa. Vai desenhando todo o seu amor em linhas tortas. De dia ou de noite, de corpo e de alma. As palavras vão traçando o seu caminho, revelando o seu destino e como era de se esperar, Cláudio a leva de encontro ao altar.
Ele adentra o salão. De repente a multidão se cala. As mãos começam a soar frio. É preciso respirar fundo para conseguir dizer uma só palavra. O nervosismo é eminente. Ele a tem, na sua forma mais singela, em suas mãos.
Cláudio limpa a garganta e em poucas palavras consegue expressar todo o sentimento que tem por ela. Ele a ergue em direção ao público, que retribui com uma salva de palmas. Emocionado, Cláudio enxuga as lágrimas que hoje derrama por ter se rendido loucamente à sensualidade da publicidade.
A história apresentada é baseada na premiação do 17º Festival Internacional de Gramado, onde Cláudio Leite (Diretor de criação da agência Propeg- Brasília) ganhou um Galo de bronze na categoria peça individual com o filme "Balão" feito para o Ministério da Saúde.

Somos todos sedutores

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Gabriel acabara de acordar. Meio triste, atordoado, não tem se quer uma companheira para conversar. Ele levanta esfrega os olhos e parte para o banheiro. Liga o rádio, fecha o Box e abre aquela ducha gelada. Enquanto ensaboa o corpo, percebe no rádio a voz de uma mulher narrando uma propaganda qualquer. Em sua mente, logo consegue desenhá-la. Loira, olhos cor de avelã, cintura fina, seios fartos e avantajado e um bumbum empinado.
Ele termina o banho. Desliga o rádio, se enrola na toalha e volta para o quarto onde liga a televisão. Na imagem, uma morena exuberante, de pele aveludada, boca carnuda levemente pintada de vermelho o convidando a usar a nova fragrância da Givenchy. Ele pega o telefone e liga para Cíntia.
Do outro lado da linha, Cíntia atende o celular enquanto espera sua vez de fazer a "progressiva". Ela conversa com Gabriel e vai folheando sua revista preferida. Uma foto lhe chama a atenção. Um homem, de músculos bem torneados, usando apenas uma cueca boxer dando um leve sorriso de canto de boca tentando seduzir ela. Cíntia não consegue tirar os olhos e chega a estremecer a voz ao falar com Gabriel, que acabara de fazer um convite para um jantar romântico.
Gabriel se arruma para encontrar Cíntia. Usa sua cueca boxer, passa o perfume que vira na televisão e parte para buscar Cíntia, que por sua vez passa óleo pelo corpo para ficar com a pele macia e cheirosa.
Durante o jantar, um papo descontraído, muita gente bonita como se o dono do restaurante as contratasse para desfilar no ambiente, duas taças de vinho e Cíntia acaba indo parar no quarto de Gabriel.
Cíntia, que tinha seios pequenos e cintura larga, se exibe para Gabriel com sua pele macia e aveludada, igual ele tinha visto na televisão. Uma boca com traços finos, porém levemente pintada em tom vermelho, atendendo as expectativas dele, que não ficara para trás, desfilando com sua cueca boxer e uma barriga levemente avantajada, mas dono do cheiro que certamente marcará a vida de Cíntia, pelo menos até a manhã seguinte.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Solenidades ao raso

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Novamente me deparo corredo em desespero, me perdendo nessa escuridão, tentando fugir dos estilhaços que invadem minha mente e que me fazem padecer em solidão. Do alto, vejo o clarão do projétil que segue em minha direção, mas se engana quem pensa que pode me atingir. Me deitarei junto aos mortos e como uma fênix que renasce das cinzas, te mostrarei do que sou capaz e quando passar pela sua cabeça que fraquejei, vou te mostrar que mais forte eu retornei, porque aquele soldado que um dia você conheceu decidiu nunca mais abandonar a guerra.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Cessar fogo aos beligerantes

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30 de abril de 1945
No chão, o vermelho relusente do sangue que ainda jorra. O vento sopra fortemente sobre o branco que simboliza não só o fim, mas toda uma derrota, a morte o desespero. Quantas mães hoje não choraram a perda de seus filhos queridos. Quantos filhos ainda esperam a volta de seus pais. De seus pais heróis que voltam apenas em forma de medálhas. O Führer olha através das ruínas da Chancelaria do Reich e não vê mais nenhuma saída. As tropas inimigas avançam rapidamente. Em gratidão, o aperto de mão à aqueles jovens garotos que carregaram no peito a força de uma nação. Assim como na tradição nórdica, a decisão por um sepultamento como o guerreiro viquingue que é incinerado em seu barco de comando, o herói que morre solitariamente em seu último dia de batalha. As linhas inimigas ainda sugerem um caminho de fuga, mas já é possível compreender o que estava por vir. Na vitrola, o disco gira correndo a agulha de nossas vidas até chegar o final e esperar um novo começo. No salão da casamata, a felicidade tomava conta daqueles que estavam mais próximos à aquele condutor, o líder que abandonava seus seguidores. Trancado no quarto com sua doce Eva, o eco abafado do projétil que destoçaria sua cabeça e o odor amargo que se confundia com a doçura de sua esposa em uma tentativa triunfal e desesperada de um grande ditador.
Últimos dias de A.ph H.

Carta à redenção

07009/17th D+L
ataque aos fuzileiros da Royal Munster
A.P.O. Box R. L.1
I.E.F, Itália
4 de julho
Te escrevo em poucas linhas para que você saiba que estou bem e que estou prestes a encontrar a liberdade. Liberdade essa a qual sonho todos os dias desde que cheguei no paraíso da morte. Olho para o lado e tudo o que vejo é a destruição de todos aqueles valentes que vieram, lutaram e, sem desistir, morreram tentando encontrar alguma resposta para tanta ignorância. Fecho os olhos tentando abandonar essa realidade e com a respiração ofegante tudo o que me vem à cabeça é a vontade que tenho dos seus beijos. O suor que escorre em minha fronte tenta acalmar todo esse desespero que cerca o meu corpo. Já não sinto mais tanta dor e me consola saber que em breve estarei junto a todos aqueles que agora admiro por sua coragem. Está ficando cada vez mais frio e me estremeço todo diante desse sol escaldante que vai queimando minha pele como se tentasse reanimar o soldado mortalmente ferido que clama por seu último suspiro de esperança.
William Henry Bonser Lamin
1887-1918

quinta-feira, 16 de julho de 2009

T.R.I.N.C.H.E.I.R.A.

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É muito escuro aqui dentro, chega a cegar os olhos ver toda aquela claridade ofuscante que marca o final de nossas vidas. Mas os dias de solidão estão com as horas contadas, pois eu já consigo ver a luz do sol brilhar novamente. As horas não passam. É duro acreditar na nossa realidade, de ver todos esses corpos espalhados pelo chão. Todo esse odor pútrido de dar náusea me faz lembrar com honra a bravura de meus companheiros, meus jovens guerreiros que deram suas vidas para alcançar seus ideais. A ignorância faz parte do ciclo de todo mundo, pois vem recheada de medo. Medo de querer mudar, de querer conhecer o novo, de querer aprender. De sair da rotina e partir rumo ao desconhecido. Eu decidi mudar, pois acredito que a bravura do homem não consiste em vencer a guerra, e sim em ser persistente nas suas batalhas e mostrar que aprendeu com seus fracassos, seus erros e suas derrotas. Hoje, o primeiro passo foi dado para minha partida. De longe, consigo ver o clarão com o rastro da minha libeerdade e um balaço bem ao centro da testa. Sinto meu corpo cair lentamente e se juntar à sombra da glória daqueles aos quais me inspirei, e deixar aqui a minha história, minhas memórias e imortalizar minhas vontades estarão sempre presente no espírito de todo aquele que é bravo.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Top Secret

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POR QUE SER SECRETO?
FICAR SEMPRE NO ANONIMATO?
Com a invenção dessas novas tecnologias que se intitulam "redes sociais" como youtube, twitter, orkut entre outras tantas, é comum surgir ídolos da noite para o dia.
Devido a velocidade que a informação transita na internet e com a quantidade de geradores de informação, ficar fora dessas redes é se isolar de um mundo tão rico em conteúdo. Seria como nem conversar com seus vizinhos.
Recentemente tivemos a oportunidade de comprovar isso, como no caso da garota cantora Stefhany, como se intitula na internet: "A nova diva do Piauí", ou no caso mais abrangente da candidata escocesa ao Britain's Got Talent, Susan Boyle, que ficou mundialmente conhecida após ter sido um dos 10 vídeos mais assistidos no youtube.
A criação do Dossiê L'anonymat é justamente sair do anonimato e compartilhar os meus pensamentos e meus sentimentos através de textos que em forma de um dossiê vão documentando a vida de um jovem que tenta sair do anonimato e conquistar o mundo.